Nós, soldados da comunicação, somos reféns da obrigação de estarmos infinitamente inspirados para escrever. São assuntos, muitas vezes sem maiores detalhes, que precisamos transformar em parágrafos quilométricos. Esse dilema diário é um desafio para cérebros que ainda sofrem as consequencias da "priguicite aguda" do Ensino Médio.
Nossa fórmula de Bháskara é o 3Q + COP (Que, Quem, Quando, Como, Onde e Porque). Não há notícia sem essa sequencia, e não existe sequência sem esse lead. Ouço essa definição desde que entrei na faculdade de Jornalismo. Conceito correto, mas que pode ser melhor adaptado. Mas onde entra a criatividade nessa história?
Desde que ingressamos na vida acadêmica, quando surgem os primeiros cabelos brancos, somos incentivados a termos personalidade suficiente para sermos criativos em nossos escritos. Só esqueceram de avisar o mercado de comunicação.
Nossos professores do Ensino Médio dizem que a inspiração para escrevermos um texto vem com a leitura diária. Isso é uma meia verdade (o que não existe, assim como mulher meio grávida). O estado de espírito é que nos guia a transformar um pensamento em ideias, não a obrigação.
Imagina você tendo que escrever cinco longas matérias em um único dia? Impossível? Nem tanto. Vou modificar minha linha de raciocínio (viram como nem sempre precisamos do 3Q + COP?). O Jornalismo é um profissão que poucos apresentam a capacidade de obter sucesso. Basta gostar dessa verdadeia filial do hospício.
Rotina e Jornalismo são palavras que não demonstram simpatia uma pela outra. Por incrivel que parece é esse o gostinho de quero mais que deixa em todos nós. Investigarmos, mesmo que não sejamos detetives, fatos novos é o verdadeiro meio de conhecimento, que livro nenhum da universidade nos ensinam.
A oportunidade de falarmos com médicos, engenheiros, advogados, políticos e pessoas anônimas é um desafio diários Como obtermos detalhes de um assunto sem ao menos conhecermos a pessoa? É nesse instante que usamos a boa e velha lábia, aprendida pelos corredores da vida (prática, não acadêmica).
Perceberam que até agora eu já escrevi sete parágrafos? Acabo de infringir mais uma lei do Jornalismo: a objetividade. Como eu não estou escrevendo profissionalmente, posso colocar tudo que me vem a cabeça.
Confesso que estou com um sentimento de culpa por ocupar tanto tempo de quem lê esse texto. Para encerrar, ou inverter a pirâmide invertida do Jornalismo, e colocar o lead no final: para escrever, basta um lápis na mão e uma ideia na cabeça. Caso um professor leia esse texto, saiba que continuo seguidor do bom e velho feijão com arroz chamado 3Q+COP.
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