sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Como ter inspiração para escrever

Nós, soldados da comunicação, somos reféns da obrigação de estarmos infinitamente inspirados para escrever. São assuntos, muitas vezes sem maiores detalhes, que precisamos transformar em parágrafos quilométricos. Esse dilema diário é um desafio para cérebros que ainda sofrem as consequencias da "priguicite aguda" do Ensino Médio.

Nossa fórmula de Bháskara é o 3Q + COP (Que, Quem, Quando, Como, Onde e Porque). Não há notícia sem essa sequencia, e não existe sequência sem esse lead. Ouço essa definição desde que entrei na faculdade de Jornalismo. Conceito correto, mas que pode ser melhor adaptado. Mas onde entra a criatividade nessa história?

Desde que ingressamos na vida acadêmica, quando surgem os primeiros cabelos brancos, somos incentivados a termos personalidade suficiente para sermos criativos em nossos escritos. Só esqueceram de avisar o mercado de comunicação.

Nossos professores do Ensino Médio dizem que a inspiração para escrevermos um texto vem com a leitura diária. Isso é uma meia verdade (o que não existe, assim como mulher meio grávida). O estado de espírito é que nos guia a transformar um pensamento em ideias, não a obrigação.

Imagina você tendo que escrever cinco longas matérias em um único dia? Impossível? Nem tanto. Vou modificar minha linha de raciocínio (viram como nem sempre precisamos do 3Q + COP?). O Jornalismo é um profissão que poucos apresentam a capacidade de obter sucesso. Basta gostar dessa verdadeia filial do hospício.

Rotina e Jornalismo são palavras que não demonstram simpatia uma pela outra. Por incrivel que parece é esse o gostinho de quero mais que deixa em todos nós. Investigarmos, mesmo que não sejamos detetives, fatos novos é o verdadeiro meio de conhecimento, que livro nenhum da universidade nos ensinam.

A oportunidade de falarmos com médicos, engenheiros, advogados, políticos e pessoas anônimas é um desafio diários Como obtermos detalhes de um assunto sem ao menos conhecermos a pessoa? É nesse instante que usamos a boa e velha lábia, aprendida pelos corredores da vida (prática, não acadêmica).

Perceberam que até agora eu já escrevi sete parágrafos? Acabo de infringir mais uma lei do Jornalismo: a objetividade. Como eu não estou escrevendo profissionalmente, posso colocar tudo que me vem a cabeça.

Confesso que estou com um sentimento de culpa por ocupar tanto tempo de quem lê esse texto. Para encerrar, ou inverter a pirâmide invertida do Jornalismo, e colocar o lead no final: para escrever, basta um lápis na mão e uma ideia na cabeça. Caso um professor leia esse texto, saiba que continuo seguidor do bom e velho feijão com arroz chamado 3Q+COP.

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