sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Eticamente moral ou moralmente ético?

Viver a realidade não significa entender a realidade. A necessidade de competir de
forma full-time impede que sigamos preceitos de reflexão do passado em razão da ausência de humanismo em certas decisões e o interesse pessoal acima do coletivo. O ser humano abandonou o interesse em descobrir sua origem, pois o factual é fundamental para a sobrevivência nesta eterna competição chamada vida.

Este processo altera o estado de consciência moral do ser humano, formado ao longo da vida. A infância caracteriza-se pelo momento de descoberta dos meandros da realidade do mundo. A fala, os objetos e a distribuição corporal formam esse mundo imaginário para a criança. Neste aspecto a família exerce um papel fundamental: apresentar os mecanismos de utilização dessas “ferramentas”.

No entanto, a realidade é a harmonização social, tão fundamental para o inter-relacionamento humano, sendo substituído pela “mecanização dos sentimentos”. Confunde-se muito moral e ética. Teoricamente, moral é entendida como o modo de
vida de cada um, baseado em normas impostas pela sociedade, enquanto ética é a reflexão crítica da moral. Entretanto, estas regras sociais são seguidas por muitos de
forma indiscriminada.

A Moral sempre existiu, pois todo ser humano possui a consciência que o leva a
distinguir o bem do mal no contexto em que vive, surgindo quando o homem passou a
fazer parte de agrupamentos, isto é, nas sociedades primitivas, nas primeiras tribos.
A diferença prática entre Moral e Ética é que esta última é o juiz das morais. É uma
espécie de legislação do comportamento Moral das pessoas. Mas a função fundamental
é a mesma de toda teoria: explorar, esclarecer ou investigar uma determinada realidade.

A Moral não é somente um ato individual, mas também é um empreendimento social.
Precisamos, no entanto, compreender tais atitudes a partir da cultura do povo que
o indivíduo está integrado. O episódio da iraniana Sakineh Ashtiani, condenada à morte
no Irã por apedrejamento sob a acusação de manter uma “relação ilegal” com dois homens, é um exemplo de como a moral e a ética estão interligadas aos costumes de
cada nação. O Islã, religião vigente naquele país, permite esta atitude em nome da
“moral e dos bons costumes” oriental. Entretanto, se o mesmo ato fosse cometido em
território ocidental, a atitude seria diferente. O limite cultural é atingido com a desumanidade social.

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