sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Burrocracia

A enchente que atingiu municípios do Rio de Janeiro nos últimos dias já matou centenas de pessoas. São cidadãos comuns, em dia com os tributos, que perdem a moradia de forma instantânea. A tragédia atingiu, em grande parte, casas frágeis localizadas em barrancos, mas também houve os mais afortunados que perderam familiares e amigos.

A responsabilidade não pode ser atribuída apenas aos moradores que construíram suas moradias em regiões de risco. Segundo Debarati Guha-Sapir, diretora do Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres (CRED), localizada em Bruxelas, na Bélgica, as consequências das inundações são agravadas pela urbanização caótica, pelas altas concentrações demográficas e pela falta de atuação do poder público.

O alerta enviado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) enviado horas antes do início das fortes chuvas as Defesas Civis dos municípios de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis – maiores atingidos pela fúria da natureza – não foi encaminhado para a população. A justificativa apresentada foi falta de tempo. Bobagem. O intervalo entre o alerta do órgão e o início do temporal, embora tenha sido de quatro horas, era suficiente para retirar muitos moradores das regiões de risco.

O Brasil enquadra-se como um dos países mais arcaicos em comunicação de alertas de chuvas torrenciais. Na Austrália, por exemplo, moradores residentes em zonas de riscos são comunicados via correio impresso ou virtual de chuvas de graves conseqüências. Os mesmos são convocados a dar explicações as autoridades em caso de não cumprimento da ordem governamental. Quanta diferença.

Quantas Marias, Josés e Pedros terão de morrer de forma trágica para nossos governantes preocuparem-se mais com o plano diretor das grandes cidades. Não é justificativa que não existe destino para o grande número de moradores que ocupam regiões de perigo. Basta facilitar mais ainda o acesso destes a créditos que possibilitem a aquisição de moradias próprias. Chega que Robbin Hoods surgidos em momentos como esse. Precisa-se de mais Gasparzinhos para colocar o discurso da boa vizinhança em prática.

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